sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Aí eu ganhei uma boneca (ou porque não é todo dia que sua irmã mais nova faz 15 aninhos)

Quando eu era pequena, antes de ser publicitária ou querer pintar ou cabelo de ruivo (o que continuo querendo mas ainda não fiz sei lá por que), eu queria ter um cabelo bem liso, comprido, olhos grandes, castanhos, que mudavam de tom no sol, e achava bonito gente assim, toda miudinha, simplesmente por estar meio enjoada de ser a mais alta da sala e a última da fila sempre.

Depois de alguns anos mentalizando essas coisas, eu ganhei uma boneca. Pequenininha, cabelos lisos e os olhos grandes de uma cor que eu não sabia definir exatamente, mas belos justamente por isso! E cílios grandes que piscavam devagar e borboletinhas coloridas no cabelo...

E como toda boneca favorita, ela cantava comigo e inventava passos novos pela sala e aprovava todas as invenções culinárias que se parecessem com brigadeiro, granulado e bolo de chocolate!

Com o tempo, descobri também que a minha boneca tinha o meu riso preferido em todo o mundo! Mas o mais incrível era que, conforme eu ia crescendo, desconfio que ela ia também, e chego a ter a impressão de que às vezes ela bem poderia me colocar no colo, porque a Ex de Murphy ainda tem medo de relâmpagos e pensa duas vezes antes de atravessar um corredor no escuro.

Aí eu fico pensando porque foi que eu demorei tanto tempo pra ganhar essa boneca de presente. E fico achando ao mesmo tempo que não poderia ser de outra forma, mas que o pensamento é inevitável, já que ela tem tanta coisa das minhas próprias projeções, mesmo se a minha boneca ainda não descobriu Fernando Pessoa, não aderiu ao rock ´n roll e não discute horas sobre a psiquê controversa do Batman, as filosofias por trás d’A Origem e da Matrix e nem acha que o Keanu Reeves é essa coisa toda também...

Mas ela é uma boneca, não um clone, não é?!

E a verdade mesmo é que isso nem é um post. É um cartão de aniversário pra tentar fazer uma coisa muitíssimo difícil que é explicar uma coisa indizível e tão fora do normal quanto o fato de “amo mais que cebola” fazer todo o sentido do mundo. Quem tá assoprando as velinhas sabe exatamente do que eu tô falando, e esse foi o jeito mais coruja que eu arrumei de dizer isso!