sexta-feira, 25 de abril de 2014

Driblando Murphy - parte 2: a primeira vez que ela matou um dinossauro

O despertador tocou às 5h20 da manhã e a mesma rotina de um dia qualquer da semana já podia começar: cair da cama, trocar de roupa, lavar o rosto, tomar café, terminar de acordar na academia e essas coisas que eu faço todos os dias.

E tudo caminhava normalmente até que Murphy, às 5h55, resolveu jogar uma barata pela janela do banheiro...

Eu tava ali, ainda com sono, entre terminar de escovar os dentes e guardar a escova quando vi a dita cuja pelo espelho. Mexendo as anteninhas. Não tive dúvidas. Tomei uma atitude rápida: gritei e saí correndo!

Corri até o meio da sala (ainda gritando e agora dando pulinhos enquanto agitava as mãos), na dúvida se pegava o interfone e pedia socorro pro porteiro do prédio ou se pegava o telefone e ligava pro amigo que era quase vizinho e já havia salvado a vida algumas vezes mas que com certeza não ia gostar de ser acordado por causa de um insetinho - mesmo se pra mim era tipo encarar um dinossauro, afinal as baratas sobreviveram à era jurássica, né? Enfim...

Mas eu não podia ficar ali esperando (e se ela subisse na minha toalha, na minha saboneteira ou no meu vidrinho de xampu?), não queria olhar pra ela ou que ela olhasse pra mim. Não queria batizá-la de Kafka, saber se ela gostava de pudim, batida de limão ou qualquer uma das sugestões daquela música do Inimigos do Rei.

Eu tava em choque, em estado máximo de nojinho e só queria que ela nunca tivesse aparecido pra me visitar.

Então respirei fundo, peguei um tênis, abri a porta do banheiro da forma mais ninja possível, reuni toda a coragem que coube nesse meu 1,63 e meio de altura e bati nela. Bati como tenta matar um elefante (e desconfio que, com o potencial da pancada, eu teria mesmo conseguido matar um elefante).

Ela caiu no chão e ficou ali. Imóvel. E eu fiquei esperando pra ver se nada acontecia. Porque esse bicho do mal engana a gente... A gente acha que matou, dá as costas e ele volta a andar e ainda cria asas! Ai que nojo!

Aí eu me dei conta de que ia precisar jogar a coisa no lixo. Aí eu gritei de novo e saí pulando e sacudindo as mãos mais um pouquinho antes de reunir toda a coragem do mundo mais uma vez e fazer o que precisava ser feito.

Joguei inseticida na janela, no chão, na outra janela caso algum inseto parente resolvesse aparecer pra vingar o que eu tinha matado, lavei as mãos, lavei de novo, lavei com álcool, sentei na cama, respirei fundo e comecei a tremer.

Sim, tremi mesmo. Porque gente, eu era uma lady tendo que enfrentar sozinha - eu disse SO-ZI-NHA - uma barata pela primeira vez na vida! E não foi nada fácil, tá? Mas eu consegui.
Ainda fiquei tremendo por mais um tempo, agradecendo o fato dela não ser daquelas voadoras e tive um novo acessozinho antes de jogar o lixo fora, mas sim, eu consegui!

Pega essa, Murphy!

La cucaratcha... La cucaratcha...