terça-feira, 26 de agosto de 2014

À frente do sifão da pia eu sentei e chorei

Sifão: s.m. Fís. Tubo em forma de "S" para fazer passar os líquidos de um nível para outro; duplamente recurvado, cuja parte inferior fica cheia de água e que serve para escoar as águas usadas.

E que até pouco tempo eu nomeava como "aquele coiso da pia por onde a água desce"...

Tudo começou com uma faxina que eu não queria fazer e um banheiro que eu não queria lavar. Não que eu tenha vontades ocasionais de lavar o banheiro, mas naquele sábado era um "não quero" com mais intensidade...

E já fazia uns dias que eu desconfiava que o sifão da pia ia trincar em algum momento. E quando a falta de vontade virou uma ligeira irritação - porque eu podia estar fazendo todas as coisas do mundo mas tava ali faxinando o banheiro no fim de semana -, comecei minha limpeza com aquela raiva no coração e tanta força que quebrei a coisa toda.

O sifão rachou em 3 partes e eu fiquei ali olhando a cena por um tempo até pensar em como resolver a situação. Eram 4 da tarde de um sábado e onde raios eu ia achar um sifão novo (lembrando que no centro da cidade tudo fecha...)? E pra ajudar eu não fazia ideia de onde comprar um. 


Corri na casa da vizinha mas ela não tinha. O porteiro do prédio também não. O mercado da rua de baixo já tinha fechado. O da rua de cima também. Nas lojas Americanas® não tinha e o atendente nem sabia o que era. E eu que achava que tinha tudo nessa loja...

Aí pensei em fazer uma gambi com fita veda-rosca e agradeci meu pai por ter me dado uma caixinha de ferramentas. Isso daria um jeito e no dia seguinte eu arrumaria um sifão de verdade.

Dei o melhor de mim pra emendar aquele caninho, fui calma, paciente, cuidadosa e finalmente parei pra olhar o meu trabalho final e já tava abrindo a torneira pra testar quando a primeira emenda começou a espirrar água, a segunda na sequência e a terceira já tava fazendo a mesma coisa quando o sistema inteiro arrebentou de vez e veio ao chão com o resto de água que ainda tava encanada aos montes lá dentro.

Ai que raiva. Ai que nojo.

Olhei pro banheiro, olhei pro sifão arrebentado, olhei em volta, pensei em Murphy, comecei a chorar.

Parei.

Gritei histericamente na frente do sifão e chorei mais um pouco.

Parei e xinguei muito todos os fabricantes de sifão, de veda-roscas e lojinhas que não vendiam sifões num sábado à noite.

Chorei de novo. E aí o telefone tocou.

Era a amiga: Tô indo no mercado (aquele longe) e vou passar aí depois. Quer alguma coisa? - tenho alguns anjinhos da guarda pra me ajudar a fugir de Murphy, sabe? E claro que eu queria alguma coisa.
Eu: Sim! Um sifão!
A amiga: De que tipo?
Eu: Jesus! Existe mais de um?

Por fim ela foi e trouxe o meu sifão novo.
E eu super achei que podia instalá-lo sozinha numa boa até descobrir que eu não sabia nem por onde começar. Nenhum dos lados encaixava em lugar nenhum da pia. As pecinhas que vieram junto não encaixavam entre si. Nada encaixava com nada e eu comecei a chorar de novo. Sentei de frente pra pia e, no chão molhado mesmo, despejei toda a minha frustração numa das cenas mais ridículas que o mundo já viu.

Porque a vida era injusta, Murphy era ingrato e... e... e nessa hora o telefone tocou de novo. Meu pai, que ligou só pra saber como tava o sábado, acabou fazendo um workshop a distância de como instalar aquele sistema todo.

E querem saber? Pega essa, Murphy: funcionou. Rá!

Depois de muita luta e muito chilique a água voltou a escorrer pela pia e ir pra onde devia. E no final das contas, ainda descobri que era muito mais fácil do que trocar o chuveiro. Mas esse causo vai ficar pra outra hora.

Agradecemos a atenção. ;)